ÁGUAS DE TRABALHO E ÁGUAS DE NEGÓCIO: EXTRATIVISMO E CONFLITOS TERRITORIAIS

Autores

  • Anderson Camargo Rodrigues Brito Rede Pública Estadual de Ensino do Ceará (SEDUC)

DOI:

https://doi.org/10.35701/rcgs.v26.980

Palavras-chave:

Extrativismo, Rio Jaguaribe, Obras Hídricas, Obras hidroambientais., Comunidades Camponesas, Comunidades Quiombolas

Resumo

O presente artigo objetiva analisar o processo de territorialização de atividades econômicas extrativas integradas entre os litorais e os sertões do Nordeste, com vistas a compreender o papel exercido pelo controle territorial das águas no contexto de conflitos no espaço agrário. A partir de uma pesquisa bibliográfica e documental, da realização de atividades de campo em espaços produtivos e comunidades camponesas e tradicionais, verificamos que a montagem de uma geografia lacustre artificial das águas que conforma um percurso controlado para o Rio Jaguaribe no Ceará, repercute na reprodução da natureza em um regime de exceção que impõe, pela violência, circuitos extrativos hidrointensivos. Por outro lado, a forma como os sertões do Nordeste se insere nos circuitos mundializados de reprodução do capital financeiro impõe abundância e escassez de água em uma dinâmica territorial marcada por uma intensa questão agrária. A realização política dessa economia extrativa reduz o poder de articulação das instâncias de representações comunitárias a partir da incorporação do trabalho camponês ou quilombola nas estruturas de confinamento das águas. Desse modo, redução das águas do Rio Jaguaribe nas regiões costeiras tem sido o modo de produção de novos cercamentos em áreas de mangues mortos, o cativeiro das águas – uma faixa estreita cercada de água – serve para criar camarões em comunidades que tiveram seus espaços comuns cercados pelos parques eólicos. Assim, a instabilidade econômica do mercado da fruticultura irrigada exige um permanente processo de expansão das áreas de cultivo, o que tem provocado a incorporação de aquíferos como renda diferencial e capital constante. As comunidades camponesas e tradicionais têm redefinido suas ações de contestação à essa lógica se colocando como produtoras de uma crítica ao desenvolvimento.

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Biografia do Autor

Anderson Camargo Rodrigues Brito, Rede Pública Estadual de Ensino do Ceará (SEDUC)

Professor de Geografia da Rede Pública Estadual de Ensino do Ceará, Doutor em Geografia pela UFPE, Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Geografia Agrária – LEPEC/UFPE e do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Geografia Agrária – LABGEA/URCA.

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Publicado

2024-10-07

Como Citar

BRITO, A. C. R. ÁGUAS DE TRABALHO E ÁGUAS DE NEGÓCIO: EXTRATIVISMO E CONFLITOS TERRITORIAIS. Revista da Casa da Geografia de Sobral (RCGS), [S. l.], v. 26, n. 3, p. 27–62, 2024. DOI: 10.35701/rcgs.v26.980. Disponível em: //rcgs.uvanet.br/index.php/RCGS/article/view/980. Acesso em: 21 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos